comportamento

Limite para intervenções estéticas difere autocuidado de obsessão

Izamara Arcanjo
Especial para o Hoje em Dia
23/07/2022 às 06:00.
Atualizado em 23/07/2022 às 08:46

Para o dermatologista Lucas Miranda, a maioria das pessoas insiste em retardar o envelhecimento porque a sociedade não lida com naturalidade com esse processo. 

“Na minha opinião, parte desse comportamento tem a ver com a forma como os idosos foram excluídos ao longo da história. Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que ser jovem é estar na flor da idade, mais bonito, mais apto a praticar esportes, namorar, viajar ou se inserir no mercado de trabalho”, diz.

Segundo Miranda, mesmo que de forma inconsciente, essas pessoas acabam brigando com o relógio biológico e, principalmente, com o espelho, buscando sempre a fonte da juventude eterna para assim sentirem-se fisicamente e psicologicamente mais novas.

“Como dermatologista, acredito que o autocuidado é fundamental para a autoestima. Não há nada errado em buscar procedimentos estéticos e tratamentos com o intuito de ter uma vida madura com uma pele bonita e bem cuidada. Da mesma forma com relação aos cuidados com o corpo. De forma alguma a ideia é tentar voltar ao tempo e rejuvenescer 20 anos, mas apenas fazer com que os sinais típicos da idade se tornem mais leves e sutis”, pondera.

Na avaliação do médico há uma linha muito tênue entre o que pode ser feito para melhorar a autoestima e aquilo que se torna uma obsessão por parte dos pacientes que procuram tratamentos estéticos. Para ele, o disformismo corporal é algo sério e os profissionais dermatologistas ou cirurgiões plásticos precisam estar aptos a diagnosticar este transtorno em consulta, estando atentos a pequenos sinais no discurso e no comportamento deste paciente. 

“É fundamental entender que todos estamos envelhecendo e essa é a ordem natural das coisas. Impedir esse processo é frustrante e humanamente impossível. À medida em que esses procedimentos são realizados sem nenhum limite ou ponderação, nós vemos um número cada vez maior de pessoas sem traços naturais e, muitas vezes, deformadas devido a esses excessos. A chave para um envelhecimento consciente é levar em consideração a máxima de que menos é mais”, Lucas Miranda, dermatologista.

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