(Marcus Ferreira/SES-MG)
Em janeiro, quando aconteceram as primeiras mortes por febre amarela na Região Metropolitana de Belo Horizonte, houve uma corrida tão grande por vacinas que clínicas e laboratórios particulares ficaram com estoques zerados. Hoje, a rede privada normalizou a prestação do serviço e recebe uma demanda grande por interessados nessa imunização - mesmo que seja possível encontrar a vacina em qualquer um dos postos de saúde de Belo Horizonte. Esse público é formado especialmente por pessoas que buscam uma maior tranquilidade e conforto no atendimento ou que desejam receber uma segunda dose.
Hoje, a orientação do Ministério da Saúde é de que uma dose é suficiente para imunizar o paciente para toda a vida. Até abril de 2017, no entanto, era recomendado o reforço de uma segunda dose após 10 anos. Estudos feitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) atestam a eficácia da dose única, sem necessidade de complementação.
“Desde o início do surto, em janeiro, a busca cresceu 50%. A procura por informações, por meio presencial, por e-mail ou telefone, mais que dobrou%”, afirma o farmacêutico bioquímico e diretor comercial do Laboratório Geraldo Lustosa, Mozart Machado.
Segundo ele, os laboratórios e clínicas particulares seguem a orientação do Ministério da Saúde de que uma dose é suficiente para imunizar o paciente para toda a vida. “Para receber uma segunda dose, a pessoa precisa passar por uma avaliação médica prévia. E antes de ser vacinado, ela passa por uma entrevista com uma atendente enfermeira, para verificar se não há uma contraindicação”, explica Machado. Ou seja, o ideal é consultar um médico antes de buscar uma segunda dose.
Onde encontrar a vacina?
O laboratório Geraldo Lustosa recebeu nesta semana um lote com 200 doses da vacina contra a febre amarela. O custo para o consumidor é de R$ 139.
No laboratório São Marcos, existem poucas opções neste momento. O ideal é que o cliente ligue antes no número 2104-0100 e veja em qual unidade há doses disponíveis. Para reservar uma dose, é preciso fazer um pagamento antecipado on-line. O custo é de R$ 190.
No Hermes Pardini a vacina está disponível em várias unidades. Nesta quarta-feira (28), ela podia ser encontrada nas unidades das ruas Aimorés, São Paulo e na da avenida Prudente de Morais, por exemplo, por R$ 158.
Existe risco para quem busca a segunda dose?
De acordo com o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG Unaí Tupinambás, não há riscos para pessoas que buscam uma segunda dose da imunização contra a febre amarela. “Basta lembrar que, há pouco tempo, a recomendação era de vacinação a cada dez anos”, explica.
Ou seja, caso alguém deseje tomar uma segunda dose na rede particular, poderá fazê-lo se não houver contraindicações médicas – como o uso de fortes corticoides, doenças imunossupressoras, alergia a ovos, entre outros. Segundo o médico, não há risco para uma segunda dose mesmo que o intervalo seja inferior a dez anos. "Inclusive, se a pessoa não sofreu uma reação na primeira dose, a chance de ter uma reação na segunda é menor ainda. O importante é conversar antes com os profissionais de saúde, pois eles são aptos a responder a perguntas referentes à vacinação”, diz o médico.
Dúvidas sobre tipos de vacina e fracionamento
O farmacêutico Mozart Machado relata que a maior dúvida que os clientes têm é sobre fracionamento da vacina. “É preciso esclarecer a população de que não há vacina fracionada na rede pública em Minas Gerais. Como isso aconteceu em São Paulo e Rio de Janeiro, muita gente acredita que o mesmo aconteceu aqui”.
Enquanto a vacina da rede pública é produzida pela Fiocruz, a da rede particular é normalmente fabricada por uma empresa francesa. Ambas utilizam vírus atenuado e possuem uma taxa de cerca de 95% de eficácia. A imunização proporcionada pela rede particular também é válida para toda a vida.
A diferença principal entre os dois casos é que a Fiocruz envia frascos com cinco a dez doses para a rede pública, enquanto a vacina disponibilizada na rede privada contém uma dose por frasco.